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Postado por
thaianenetto
on domingo, 7 de dezembro de 2008
Encontraste-me quando deixei de ser. No instante em que apaguei o meu perfume intrínseco, tu poisaste a tua mão sobre os meus olhos e abriste-os com odores matinais. No entanto, quando tenho sono penso se não terá sido imaginação em mente que quer e deseja ardentemente. Mas é nesse momento que tu estendes o teu braço e me aconchegas sob o teu peito de veludo. A luz do dia nasceu e entra pela janela inundando-nos de claridade dourada que celebra e ilumina todos os becos escuros que existiam em nós. Eu até gostava de ir lá para fora brincar às escondidas com as crianças mas e se tu não me encontras mais? Está tão bom aqui. Olho-te meu amor como nunca olhei nada...e fico assim a olhar-te, durante tempo que não se esgota cá dentro, só pelo prazer de te olhar. Como és belo. Consigo ver-te por dentro e por fora. E quero continuar a olhar-te até te saber de cor para que nunca esqueça nenhum traço teu quando tiver de morrer. Sabias que tens um sinal junto do olho esquerdo? É como se te conhecesse desde sempre. Se a felicidade pudesse ser eterna, nós seriamos sempre assim. Porque quase me fazes acreditar que aqui podemos ser poesia. Versos que dançam em nós e nos beijam. O teu corpo, amor, é o aquário onde nado sem nunca me afogar. Mas eu também posso voar tão alto quanto me ensinaste. Eu gosto de ti e, por isso, levanto-me de madrugada e dou de beber às pedras da calçada. Agora sei que elas também dançam quando o céu apaga a luz para dormir. Porque gosto de ti, salto em bicos de pé nos precipícios onde me resgatas e como chocolates, como muitos chocolates. Tu és feito de chocolate. Eu entendo a tua essência porque o amor é achocolatado. Traz-me aquela caixinha que te dei meu amor, na primeira vez em que te vi. Porque quando meus cabelos roçaram no teu rosto eu sabia que me ia apaixonar. Eu sempre soube. É nela que vou guardar todos os momentos que, à força de se recusarem cair nas garras do tempo, se transformam em recordações: bilhetes de cinema, rosas colhidas em flor de orvalho pela manha, presentes oferecidos como só os tontos apaixonados oferecem...é nela que guardo o nosso livro. Não vires a página onde escrevemos os gestos de nenúfares. Serei uma página que irá amarelecer e rasgar nas pontas que os dedos desgastam. Mesmo aí gostarás de mim? Porque é tão doce ler-te com os meus dedos frágeis. Porque eu gosto dos teus ombros amor e porque no silêncio se diz mais do que as palavras podem criar. Sim amor, o mundo é caótico. Também as minhas palavras o são. Os gatos também miam e rosnam lá fora. Mas quando dois corpos se unem jamais são separados. Quando duas almas se entrelaçam, jamais se transformam em folhas outonais que caem no chão pisado e dorido, nem mesmo no inverno que me deixava sozinha sem música. Eu já te disse que não tenho alma mas isso realmente importa-te? Os teus olhos conseguem ver para além do meu corpo que apodrece. Os teus olhos dão-me alma. Porque eu não tenho alma, tu divides a tua comigo. E os meus olhos são verdes porque tu os vês assim...
~hoje fugimos em barquinhos de papel~
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